ESCORPIÃO
O escorpião, também conhecido por
lacrau ou alacrau, é um animal invertebrado artrópode (com
patas formadas por vários segmentos) que pertence à ordem
Scorpiones estando enquadrado na classe dos aracnídeos .
Etimologia e origens
O nome escorpião é derivado do latim scorpio/scorpionis.
Lacrau vem do árabe al-'aqrab.
Existem registros científicos da existência dos escorpiões
há mais de 400 milhões de anos. Segundo pesquisas, foram
eles os primeiros artrópodes a conquistar o ambiente terrestre.
Nesta adaptação, lhes foi muito útil a carapaça
de quitina que compõe o seu exoesqueleto e que evita a evaporação
excessiva.
Atualmente já estão catalogadas cerca de 1600 espécies
e subespécies distribuídas em 116 gêneros diferentes
em todo o mundo. No Brasil existem cerca de 140 espécies.
Existem escorpiões em todos os continentes, exceto na Antártida
e Nova Zelândia. Encontramos espécies nos Alpes suíços
e Europa em geral, no México, Estados Unidos e Canadá, na
América do Sul em geral, entre lixo e entulhos das pequenas e grandes
cidades, na Floresta Amazônica (Brasil), na Oceania, no norte do
Mediterrâneo, no Oriente Médio, na Índia, no norte
e sul da África e Ásia. Suas cores variam do amarelo palha
ao negro total, passando por tons intermediários, como o amarelo-avermelhado,
vermelho-amarronzado, marrom e tons de verde ou mesmo de azul.
Vida, alimentação e hábitos
As diferentes espécies de escorpiões têm tempos de
vida muito diferentes e o tempo de vida real da maioria das espécies
não é conhecido. A gama do tempo de vida parece situar-se
entre os 4 a 25 anos, tendo sido 25 anos o tempo de vida máximo
registado para a espécie H. arizonensis.
Preferem viver em áreas com uma temperatura entre 20 °C e 37
°C, mas sobrevivem em temperaturas de 14 °C a 56 °C. Perfeitamente
adaptados às condições climatéricas do deserto,
suportam uma amplitude térmica diária na ordem dos 40 °C.
São animais carnívoros e têm geralmente hábitos
noturnos e crepusculares, quando caçam e se reproduzem. Sua alimentação
é baseada em insetos invertebrados tais como cupins, grilos, baratas,
moscas e mutucas, e também de outro aracnídeo, a aranha.
Uma curiosidade a destacar é o fato de, quando da escassez completa
de alimento, os animais desta espécie praticam o canibalismo para
sobreviver, ou seja, devoram seus semelhantes. Os escorpiões conseguem
comer quantidades imensas de alimento, mas conseguem sobreviver com 10%
da comida de que necessitam, podendo passar até um ano sem comer
e consumindo muitíssimo pouca água, quase nada durante sua
vida inteira.
Os escorpiões têm uma forma de se alimentarem característica,
usando as suas quelíceras. Estas são umas pequenas garras
que saem da boca, muito afiadas, que são usadas para retirar pequenos
pedaços de alimento da sua presa e colocá-los na boca. O
escorpião só digere alimentos em forma líquida, rejeitando
qualquer matéria sólida (pêlo, exoesqueleto, etc.).
Os predadores naturais do escorpião são as lacraias, louva-deus,
macacos, aranhas, sapos, lagartos, seriemas, corujas, gaviões,
quatis, galinhas, camundongos, algumas formigas e os próprios escorpiões.
Reprodução
A reprodução da grande maioria das espécies é
sexuada, exigindo a intervenção de machos e fêmeas.
Porém, algumas espécies possuem reprodução
monóica (também chamada partenogênese), ou seja, não
exige a presença de machos. Neste processo, óvulos não
fertilizados dão origem a embriões vivos. Na reprodução
sexuada, tal como em outras espécies, há uma dança
nupcial que antecede o acasalamento. O macho limpa o chão com os
pentes e deposita aí uma cápsula contendo espermatozóides
(espermatóforo). De seguida, arrasta a fêmea para cima dos
espermatozóides a fim de que ela os receba.
Os escorpiões são vivíparos, ou seja, não
põem ovos. Podem gerar de 6 a 90 filhotes e o tempo de gestação
varia com a temperatura, espécie e alimentação da
mãe, podendo estar entre 2 meses e 2 anos. Os filhotes nascem completamente
brancos e por meio de parto, através de uma fenda genital. Eles
ficam colados ao dorso materno por cerca de 10 a 14 dias até completar-se
a primeira muda (quanto mais jovem o escorpião, mais mudas ele
fará) até que consigam obter seu próprio alimento
sozinhos. A idade adulta é alcançada com cerca de um ano
de vida
Características físicas
O corpo dos escorpiões é dividido em prosomo (cefalotórax),
mesossomo e metassomo.
• O prosomo é a região anterior, onde se encontram
os olhos, quelíceras, pedipalpos terminados em quelas (pinças)
e pernas e os pentes.
• O mesossomo é a região larga do corpo, onde se encontram
as aberturas dos pulmões e opérculo genital.
• O metassomo é vulgarmente conhecido como cauda, ali se
encontram uma estrutura cilíndrica com um espinho na ponta, chamada
telson (o ferrão), duas glândulas de veneno e o ânus.
Das 1600 espécies de escorpião, apenas 25 causam graves
acidentes ao homem
Algumas espécies atingem dimensões da ordem dos 30 cm e
chegam a capturar até pequenos vertebrados (lagartos, rãs
e roedores).
Veneno e toxicidade
O ferrão do escorpião (chamado de telson), além de
servir para agarrar a presa, se defender, e no acasalamento, inocula na
presa um veneno. Este veneno contém uma série de substâncias
cuja composição química não está bem
definida, porém contém neurotoxinas, histaminas, seratonina,
enzimas, inibidores de enzimas, e outras. Parece, segundo os pesquisadores,
que as neurotoxinas agem sobre as células nervosas da presa, com
uma certa especificidade, dependendo do tipo de animal.
É interessante saber que a toxicidade do veneno de um escorpião
pode ser comparada com o tamanho de seus pedipalpos (o equivalente ao
braço humano do escorpião); quanto mais robustos os pedipalpos,
menos o escorpião utiliza-se do veneno para com suas presas e quanto
menores eles forem, mais o veneno do escorpião pode ser letal às
suas presas.
O veneno de escorpiões do tipo Tityus serrulatus, que parece ser
o veneno mais tóxico de todos os escorpiões da América
do Sul, age sobre o sistema nervoso periférico dos humanos, causando
dor, pontadas, aumentando a pulsação cardíaca e diminuindo
a temperatura corporal. Estes sintomas, devido ao seu peso corporal, são
mais acentuados em crianças, e devido às condições
físicas, aos idosos. Todos os escorpiões são venenosos,
porém apenas 25 espécies podem ser mortais aos humanos.
Sua ferroada assemelha-se em grau de toxicidade da ferroada de uma abelha.
O tratamento consiste na aplicação local da ferroada de
um anestésico (lidocaína a 2%) e soro antiescorpiônico
(obtido de escorpiões vivos). O tratamento deve ser hospitalar,
de preferência com a apresentação do escorpião
para facilitar o diagnóstico e o tratamento.
[editar] Prevenção de acidentes
Os escorpiões só atacam o homem quando se sentem acuados
e em circunstância de defesa. Para que um acidente com escorpiões
não ocorra, devem-se tomar algumas medidas básicas de prevenção.
Veja a seguir:
• Sacuda e examine calçados e roupas antes de usar;
• Mantenha limpos os locais próximos a residências
evitando acúmulo de lixo, entulhos e materiais de construção;
• Mantenha o habitat familiar livre de baratas, que são reconhecidas
como um dos principais alimentos dos escorpiões nos centros urbanos.
• Não coloque mãos e pés dentro de buracos,
montes de pedras ou lenhas;
• Use sempre calçados e luvas nas atividades rurais ou de
jardinagem;
• Use telas e vedantes em portas e janelas;
• Use ralos protetores;
• Crie aves domésticas em zonas rurais, que agem como predadores
naturais;
• Em áreas sabidamente escorpiônicas, mantenha as camas
a uma distância mínima de 10 cm das paredes.
Se houver um acidente?
Se ainda assim um acidente com escorpiões ocorrer, primeiro deve-se
evitar o pânico, lavar o local com água e sabão, aplicar
compressas de água fria (para causar vasoconstricção
e diminuir a profusão do veneno) e procurar um médico.
O ser humano, após ser picado, pode ter hipotermia ou hipertermia,
sudorese profunda, visão embaçada, náuseas, vômitos,
dor abdominal, diarréia, arritmias cardíacas, choque, taquipinéia,
edema pulmonar agudo, agitação, sonolência, confusões
mental e tremores, além de inchaço e vermelhidão
no local da picada.
Saliente-se que a toxicidade do veneno depende de diversos fatores, tais
como a espécie do escorpião (de 1600 espécies catalogadas
apenas 25 são venenosas ao homem); a quantidade de peçonha
(veneno) injetada; o tamanho e o estado físico da vítima.
Atenção especial para crianças e idosos: enquanto
as crianças têm mais chances de envenenamento porque possuem
menor massa corporal, os idosos também caem nesta situação
já pelo estado natural da velhice. Já foram constatados
casos de pessoas alérgicas ao veneno do escorpião, nestes
casos o veneno age muito rápido, podendo levar a vítima
à morte em pouco tempo.
É recomendável a captura do escorpião para que seja
identificado mais rapidamente qual o antídoto a ser aplicado. Se
a vítima estiver no Brasil, pode fazer uma ligação
gratuita para 0800 780 200, órgão que possui uma equipe
especializada para fazer a identificação destes animais
e indicar o socorro mais adequado para a situação.
Tityus bahiensis
Também conhecido como escorpião-preto,
é um escorpião do Leste e Centro do Brasil. Mede 6 cm de
comprimento, tem coloração muito escura e patas castanhas.
A espécie é responsável, no Brasil, pelo maior número
de casos de acidentes escorpiônicos em áreas rurais.
Tityus metuendus
Identificação: tronco vermelho-escuro,
quase negro com manchas confluentes amarelo-avermelhadas, patas com manchas
amareladas; cauda da mesma cor do tronco. Comprimento de 6 a 7cm.
Distribuição Geográfica: Amazonas, Acre e Pará.
Quadro Clínico: Dor local, ferroadas, queimação,
hiperemia, edema. Podem ocorrer efeitos sistêmicos cardiovasculares,
respiratórios e neurológicos.
Tityus serrulatus
Conhecido popularmente como escorpião-amarelo
ou escorpião-branco, é um escorpião típico
do Sudeste do Brasil, com cerca de 6 cm de comprimento, que apresenta
coloração amarelada especialmente nas patas. Devido aos
hábitos domiciliares e à periculosidade da picada é
responsável pela maioria dos acidentes escorpiônicos verificados
no Brasil, em região urbana e devido ainda à grande expansão
de distribuição nos últimos 25 anos, ele vem ocorrendo
bastante em áreas de Campinas, São José dos Campos
e Brasília. A espécie possui uma característica rara
entre os escorpiões, que é a partenogênese, ou seja,
a capacidade de se reproduzir, no caso, através de um ovo sem ser
fecundado, não havendo necessidade de um casal. Tal fato possibilita
a um único espécime transportado para um novo local se reproduzir
e se desenvolver.
No Brasil é amplamente disseminado nos estados de Minas Gerais,Goiás
e Rio de Janeiro, mas também é bastante encontrado no estado
de São Paulo.
O veneno de todos os escorpiões tem efeito neurotóxico,
ou seja age no sistema nervoso , a picada é extremamente dolorosa,
provoca dor intensa no local afetado e se dispersa por todo o corpo, leva
a vítima a um estado de hiperestesia, fazendo com que o doente
fique extremamente sensível ao menor toque em toda região
corporal.A ação neurotrópica da peçanha age
sobre o bulbo (medula oblonga) região importantíssima do
encéfalo que controla os movimentos respiratórios e cardíacos,
além dos movimentos peristálticos, mas sua ação
é especificamente sobre a região do bulbo controladora da
respiração , o que faz com que a vítima morra por
parada respiratória.
Tityus stigmurus
Nome Popular: Escorpião,
escorpião-listrado.
Identificação: Tem a cauda e as pernas amareladas. Dorso
amarelado, com uma linha mais escura no centro. Na cabeça apresenta
um pequeno triângulo mais escuro.
Distribuição Geográfica: Norte de Minas Gerais e
região nordeste do Brasil.
Quadro Clínico: Dor e dormência na região da picada.
Geralmente casos leves.
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